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Boi do Rosário anuncia a volta do Congado às ruas

Mais antiga festa popular de Oliveira enche a cidade de alegria, arte, cultura e religiosidade


Arquivo GMN/Sidney de Almeida

Reinados são celebrados na Praça XV de Novembro.


Acontece neste sábado (3), o tradicional desfile do Boi do Rosário, alegoria que anuncia o início da Festa do Congado de Oliveira, que se prolongará até domingo (11). A expectativa é de que o boi volte a reunir uma multidão que o acompanha por ruas e praças da cidade, Nos dois últimos anos, em decorrência das restrições impostas pelo combate à pandemia da covid-19, o anúncio da festa pelo boi e os reinados foram realizados por meio de cerimônias internas, transmitidas pela internet.


Devido a incidentes ocorridos no último ano em que o Boi do Rosário saiu às ruas, desta vez, para maior segurança do público, o trajeto a ser percorrido será reduzido. A figura do boi sairá da Casa do Congadeiro Geraldo e Conceição Bispo, na Rua São Judas Tadeu, no Bairro das Graças, por volta das 20h e passará pela Praça XV de Novembro em direção à Rua Sete de Setembro, no Bairro São Sebastião. O retorno à Casa do Congadeiro será feito pela Avenida Doutor Francisco Paulinelli, Rua Oswaldo Cruz e Avenida Maracanã.


No domingo (4), às 10h30, na Catedral Nossa Senhora de Oliveira, será celebrada uma Missa Conga, em sufrágio das almas dos congadeiros falecidos. À noite, em um palanque na Praça XV de Novembro, será realizado o Reinado de Nossa Senhora Rosário, cerimônia a ser também celebrada na segunda-feira (5). Na terça-feira (6) e quarta-feira (7) os reinados serão dedicados a Nossa Senhora das Mercês. Na quinta-feira (8), sexta-feira (9) e sábado (10) os reinados serão duplos e dedicados a São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora Aparecida respectivamente.


Durante os reinados são realizados desfiles diários dos ternos — também denominados guardas —, de moçambique, congo, catopé e vilão, seguidos dos cortejos com príncipes, princesas e reis e rainhas designados para cada noite. No palanque ocorre a recepção e/ou entrega de coroas e cetros aos reis grandes e príncipes, e a participação de reis congos e reis perpétuos, além da figura da princesa Isabel, neste ano representada por Vitória Carvalho Nascimento.


No domingo, às 14h, os ternos participarão de uma procissão saindo da Catedral Nossa Senhora de Oliveira, passando pela Praça XV de Novembro e retornando ao ponto de origem, com as imagens de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Mercês, Santa Efigênia, São Benedito e Nossa Senhora Aparecida, cujos mastros e bandeiras serão descidos em seguida, na cerimônia que encerra a festa, quando os congadeiros agradecem a Deus o êxito das festividades.


No período da festa, na Casa da Cultura Carlos Chagas, haverá uma exposição com fotos, instrumentos e trajes das festividades.


A Festa de Nossa Senhora do Rosário é tida como um importante elemento na integração do negro junto à sociedade brasileira. Agrupado em torno de uma devoção, o povo escravo procurava manter sua cultura e aspirava sua valorização como ser humano dotado de conhecimentos e sentimentos, que mereciam ser tratados com dignidade.


A adoração dos negros a Nossa Senhora do Rosário é repleta de histórias e lendas. Uma delas narra que em um local da costa africana ela teria aparecido nas águas do mar. Impressionados, homens brancos teriam feito homenagens para vê-la sair das águas, mas não obtiveram sucesso. Então, pediram ajuda aos negros, que ao tocarem e dançarem comoveram a santa, que veio para a praia.


Outra lenda conta que um negro cativo, ao dirigir seu olhar para as águas do mar, e triste com sua condição de escravo, começou a rezar em louvor à santa e teve as suas lágrimas transformadas em sementes, que serviram para confeccionar o Rosário de Nossa Senhora.

No Brasil, a devoção a Nossa Senhora do Rosário foi trazida pelos primeiros escravos. Em Minas Gerais, principalmente em Oliveira, as comemorações em honra a santa têm grande projeção.

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