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Editorial: Questão de sobrevivência


Muito mais que um concurso de redação, é preciso inserir o estudo das águas na grade curricular das escolas.



É inadiável que a problemática do meio ambiente seja levada de maneira mais didática e abrangente às escolas públicas e particulares de Oliveira. Embora tenha-se contabilizado avanços, ainda é dominante a desinformação sobre as perigosas alterações no clima do planeta, com direta influência na capacidade de se fornecer água potável em abundância. O resultado disso é a gradativa deterioração das bacias, diminuição dos rios perenes e a certeza de que não está longe o dia em que as torneiras vão secar.


É neste aspecto e com este grau de importância que se deve avaliar as ações do Grupo Ambiental de Desenvolvimento Sustentável (GRAMDS), hoje transformado em guardião da Bacia do Rio Jacaré, esse complexo natural de água doce que tem abastecido esta cidade há quase um século. No início dessa semana o GRAMDS premiou alunos do ensino fundamental e médio, num concurso de redação que, mais do que engrandecer a retórica e o esmero gramatical, permitiu que os participantes mergulhassem no tema proposto (Rio Jacaré (re)conhecer para cuidar), de forma a entender a responsabilidade de cada um na preservação desse imprescindível recurso natural.


A questão que fica, entretanto, é se os educandários têm medido a importância desse tema e a necessidade de torná-lo permanente. Falar e entender sobre o Rio Jacaré não pode ser apenas um tema de redação do GRAMDS, evento que ocorre uma vez ao ano. É preciso tocar nessa ferida todos os dias, buscar e apresentar novas informações e maneiras de defesa de toda a área que forma essa vertente. É preciso levar os alunos a esses lugares, mostrar-lhes como se processam as nascentes e do que elas precisam para continuar vivas. É bom que estudem as topografias, as geografias, os biomas e tudo que possa influir na manutenção desse fluxo.


As melhorias no manejo da Bacia do Jacaré ganharam, nos últimos cinco anos, um potente aliado: o tratamento do esgoto doméstico e industrial de Oliveira. De fato, a entrada em operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) devolveu ao complexo a limpeza dele extraída há décadas. É preciso salientar que Oliveira é a maior e mais poluidora cidade localizada nessa área. No momento em que a sujeira parou de ser lançada no Córrego Maracanã, importante afluente do Jacaré, toda a Bacia foi beneficiada e, claro, a população que dela depende.


O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), outra instituição com expressivo trabalho em favor do Rio Jacaré, conseguiu, após mais de uma década de projetos e obras, dotar a sociedade oliveirense desse arranjo técnico de alto nível, com gratas repercussões no meio ambiente. Devolver à natureza a água limpa, após utilizá-la de vários jeitos, misturando-a a produtos químicos devastadores, infectando-a de vírus, vermes e bactérias, é uma obrigação do ser humano, que a recebeu, direto das nascentes, cristalina e pura, como milagrosa dádiva.


Ao premiar estudantes pelo mérito de desenharem, escreverem, fotografarem, historiarem e analisarem as águas do Rio Jacaré, o GRAMDS oferece a Oliveira uma oportunidade de refletir de maneira mais concreta e realista sobre suas fontes de saúde e da responsabilidade de todos no uso correto desse recurso vital e finito. Cuidar das águas é a única ação capaz de garantir a sobrevivência da raça humana e a continuidade de sua epopeia cósmica. É por isto que o tema precisa fazer parte da pedagogia, ciência da educação.


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