Legado literário e cultural é um dos mais significativos de Minas
Faleceu na tarde dessa quinta-feira, aos 85 anos, em Belo Horizonte, o escritor oliveirense Olavo Celso Romano, ex-presidente da Academia Mineira de Letras e presidente emérito daquela instituição. Nascido no distrito de Morro do Ferro, no dia 6 de setembro de 1938, era filho de Demosthenes Romano e Waldete Viana Romano. Estudou Direito na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), tendo também cursado Administração; Inglês (proficiência pela Universidade de Michigan) e Planejamento Educacional. Fez carreira no serviço público, aposentando-se como Procurador do Estado. Seu grande legado, entretanto, está nos livros que escreveu.
A partir de 1979, publicou seus casos mineiros e textos poéticos no Estado de Minas, no Jornal de Casa, nas revistas Globo Rural, Palavra, Cícero, IstoÉ e Veja. Teve quase vinte livros publicados, oito deles adotados em escolas de Minas e de outros estados, focalizando o jeito, a fala, a vida no interior mineiro: Casos de Minas; Minas e seus casos; Dedo de prosa e Prosa de mineiro. Os mundos daquele tempo; Um presente para sempre e Memórias meio misturadas de um jacaré de bom papo são outras obras notáveis.
Na Fundação João Pinheiro, editou um jornal, participou da elaboração (pesquisa, entrevistas e texto) de um livro e de dez fascículos sobre a História do Comércio em BH. Seu livro Para Além da Cidade Planejada, de 1997, focaliza o Colégio Magnum e a região nordeste da Capital. Memória Viva resume os 50 anos da Alcan em Ouro Preto. Mestres Minas Ofícios Gerais registra resgate cultural do artesanato em Araxá. Em livro que deixou inédito e ainda sem título, Romano abordou os 50 anos da Cemig.
Foi sócio fundador e inscrito nº 2 do Sindicado de Escritores de Minas Gerais. Escreveu prefácios e apresentações de vários livros. Recebeu homenagens do Estado de Minas, do Lions Clube Internacional, do governo do Estado, da Câmara Municipal de Oliveira e o título de cidadão honorário de Belo Horizonte. Duas viagens ao Rio São Francisco resultaram em belos textos, publicados na revistas Globo Rural e Palavra.
Dedicava-se, ultimamente, à edição de Manuelzão – o último tropeiro, com apoio financeiro da Usiminas.
Seu conto “Como a gente negoceia” gerou o curta-metragem Negócio Fechado, premiado no festival de Gramado de 2001. O grupo “Carbono 14” filmou 30 histórias da obra de Romano para distribuição gratuita em bibliotecas, escolas e centros culturais. Além dos casos mineiros, que identificam fortemente sua obra, Olavo Romano participou ativamente de grupos de contadores de história.
Com o concertista Roberto Corrêa, desenvolveu, pelo interior de Minas, o projeto Causo, Viola e Cachaça, do SEBRAE/AMPAC. Com o projeto Minas Além das Gerais, do Governo Estadual, apresentou-se em Brasília, no Rio e em São Paulo. No Sempre um Papo, animou concorridos saraus por inúmeras cidades mineiras. Solidificou ricas parcerias com músicos como Pereira da Viola, Chico Lobo, Lu e Celinha, apresentando-se em shows, em que a melodia das violas e flautas se harmonizava com seu jeito despojado de contar “causos”.
Sobre o fato leia o “CONTRATEMPO”, na capa desta edição.
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