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Reportagem especial: A festa junina no mundo, no Brasil e em Morro do Ferro.

De onde vieram e como os festejos incorporaram a cultura nacional


Foto – Festa junina em Campina Grande, na Paraíba: mais famosa do Brasil.

(Por Ana Carolina Costa Resende – estagiária de jornalismo, com supervisão de João Bosco Ribeiro)

Junho e julho são os meses em que se realiza uma das festas mais tradicionais do Brasil: a Festa Junina. Uma paleta de variadas cores, muita dança, música e comida boa. Apesar de ter um grande valor cultural no país, ela foi trazida pelos portugueses durante a colonização. Historiadores apontam que está diretamente relacionada às festividades pagãs, dias nos quais se comemorava a fertilidade da terra.


Realizada na Europa, inicialmente a comemoração era conhecida como “festa joanina”, em referência a São João, comemorado no dia 24 de junho, mas com o tempo foi nomeada como festa junina, por abranger outros santos, como Santo Antônio e São Pedro, cujas festas também ocorrem nesse mesmo mês.


Segundo o site bloguito.com, ao invés dos santos católicos, na Europa as festas cultuavam a deusa Juno, mulher de Júpiter, que fazia parte do panteão do Império Romano. Para diferenciar as festas de Juno da festa de São João, a Igreja Católica passou a chamá-las, então, de joaninas.


A chegada da festividade ao Brasil

Foi no Século Dezesseis que a festa junina foi introduzida no Brasil e aos poucos foi ficando famosa no país. O primeiro contato com o festejo aconteceu no Nordeste brasileiro, que até hoje segue com a tradição. Campina Grande, cidade localizada no Estado da Paraíba, comemora São João anualmente com muita música e dança, e é considerado o evento típico mais famoso do Brasil. Todos os anos artistas famosos e turistas do país inteiro o prestigiam.


A decoração e as vestimentas da festa junina têm características marcantes. Bandeirinhas coloridas cortadas de uma forma específica e os balões são enfeites típicos. Na França, as vestimentas consistiam em roupas pomposas, elegantes e o salto alto, mas no Brasil essas caracterizações foram sofrendo adaptações. Como a festa mobilizava o meio rural e quem trabalhava no campo, o chapéu de palha, o xadrez, e os remendos nas calças foram acrescentados, e os vestidos das mulheres foram encurtados, em razão ao clima brasileiro.


As comidas são simples e gostosas. Pé de moleque, maçã do amor, paçoca, bolo de milho, caldo de mandioca, caldo de feijão, cachorro quente, canjica, pipoca. E o famoso quentão, bebida feita com vinho ou pinga, canela e gengibre, da qual não se sabe ao certo a origem.


A festa junina e a religiosidade

A festividade, que era considerada “religiosa”, hoje também é vista como popular. Vinte e quatro de junho é o dia oficial do evento no Brasil, data em que se celebra, no calendário católico, São João Batista, aquele que batizou Jesus Cristo às margens do Rio Jordão. No mesmo mês também é reverenciado Santo Antônio (13) e São Pedro (29).


O padre Jailson Salvador da Silva, pároco do distrito de Morro do Ferro, município de Oliveira, localidade que tem São João como padroeiro e onde se realiza uma das mais conhecidas e prestigiadas festas juninas de todo o Centro Oeste mineiro, explica que o profeta João Batista, em sua história, deixou um legado de homem que opera pela fé, uma crítica social sobre a sociedade de sua época. Sua pregação e sua postura de vida apontam para um ser humano que exista em plena condição de vida.


Um símbolo importante das festas juninas são as fogueiras. Apesar de muitos acharem que ela é feita para aquecer as pessoas, já que, no Brasil, a festa acontece no inverno, sua simbologia vai além disso. Isabel, mãe de São João Batista, fez uma fogueira após o seu nascimento, para que Maria, sua prima, mãe de Jesus Cristo, pudesse saber que tinha dado à luz. Este é o motivo que gerou o principal símbolo do dia de São João.


As fogueiras podem ter diferentes formatos, Santo Antônio, o santo casamenteiro, é homenageado com uma fogueira quadrangular. São Pedro com uma fogueira triangular e São João com a fogueira redonda. Ela também simboliza a proteção contra os maus espíritos, que atrapalham a prosperidade das plantações.


São João em Morro do Ferro

Além das belas paisagens que Minas nos oferece, a festa de São João é bem famosa no Estado. As festas juninas se tornaram tradição nas escolas, igrejas, famílias e nos aniversários.


O distrito de Morro do Ferro, no município de Oliveira, é conhecido por produzir uma festa encantadora em homenagem ao seu padroeiro. Antônio Ananias da Silveira Freitas (Duga), professor e morador do local, conta que, de acordo com a lenda, em tempos distantes, época dos bandeirantes, um tropeiro passava a noite no distrito e se lembrou que era dia 24 de junho, dia dedicado a São João Batista. O tropeiro pegou uma tábua de madeira e esculpiu nela uma imagem de São João. Deixou a tábua dependurada numa árvore. Outros tropeiros, passando por ali, veneravam o santo. Um morador levou a imagem para casa, chamou parentes, amigos e iniciou-se uma grande devoção.


Duga aponta, ainda, que o lugar era considerado ótimo para parada, descanso, refeições. Lugar que vira povoado, arraial, vila. “A vila foi elevada a distrito pela Câmara de Vereadores em 1842, se tornando parte do quadro administrativo do município de Oliveira”, completa.


A festa atrai fiéis de toda região, que participam das novenas, procissões, ladainhas, alvorada e celebrações eucarísticas. Fogos de artifício, fogueira, barracas ambulantes e apresentações artísticas são atrações que também chamam a atenção do público.


A dança da quadrilha

De acordo com a Aliança Francesa de São Paulo, a quadrilha que nós conhecemos surgiu nos salões aristocráticos da França, lá chamada de “quadrille”. Essa dança foi importada inicialmente da Inglaterra, onde é chamada de “campesine”. Na época da colonização do Brasil, foram trazidos para cá os vestidos cheios de adereços (sinal da opulência da nobreza), os nomes dos passos e a vinculação religiosa (ligada à colheita, daí suas características rurais).


Por aqui, a tradição foi transformada, dando um toque bem brasileiro. Além da dança, foi incluída a encenação do casamento cômico, satirizando os casamentos forçados que eram muito comuns no passado. Além disso, houve um abrasileiramento das expressões francesas, facilitando seu uso.

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